Este é o terceiro volume da coleção "Mineiramente
Drummond", sobre o poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, e contém
19 crônicas com temas variados, mas bastante próximos do universo dos
adolescentes. Em vários textos deste livro, Drummond revitaliza palavras que
pareciam estar irremediavelmente perdidas na linha do tempo de evolução do
vocabulário corrente.
Escrever bem não é escrever difícil. Não empregue palavras
complicadas ou supostamente bonitas, principalmente se você não tem certeza do
significado delas. O vocabulário deve ser adequado ao tipo de texto que se
pretende redigir, e de acordo com seu interlocutor. No caso de redações
escolares, deve-se empregar a norma padrão ou norma culta da língua. Evite
erros gramaticais, ortográficos, gírias, palavrões, pois não condizem com a boa
linguagem. Acima de tudo, seja claro e objetivo em sua maneira de escrever.
O texto “As palavras que ninguém diz” de Carlos Drummond de
Andrade é um exemplo de crítica ao uso de palavras de difícil compreensão (basta
observar o título do texto) para um texto que tem como objetivo a COMUNICAÇÃO
entre quem escreve e quem lê.
Boa leitura! E não tente descobrir o significado das
palavras. Algumas não são encontradas nem nos melhores dicionários. Hehe! Mas
vale a pena realizar essa leitura! Abaixo segue uma das crônicas que mais
gostei do livro:
GRAVAÇÃO
“Pronto, tá ligado. Posso começar?
— Pode.
— O senhor se sente realizado?
— Por que você quer saber disso?
— Nada não. O professor é que mandou lhe perguntar.
— O professor tem interesse em saber se eu me sinto realizado?
— Sei não senhor.
— Então diga ao professor que venha me procurar.
— Pra quê?
— Para eu lhe perguntar se ele se sente realizado.
— O senhor vai perguntar isso a ele?
— Vou.
— O senhor também está estudando? Nessa idade, poxa!
— Que que tem? Toda idade é boa para estudar, a gente não acaba nunca de saber as coisas. Mas não estou estudando não.
— Então por que vai perguntar isso ao professor?
— Porque se ele quer saber se eu me sinto realizado, eu também quero saber a mesma coisa dele. Indiscrição por indiscrição.
— Gozado… Mas se o senhor fizer isso, não bota o meu nome no meio, porque vai dar grilo. Vê lá, hem?
— Fique descansado. Não vou comprometer você.
— E o senhor só vai responder a minha pergunta depois de falar com ele? E se ele não responder? Se demorar? Tenho de entregar esta entrevista até quinta-feira.
— Bem, eu respondo agora mesmo.
— Então, responde, vamos lá.
— Primeiro eu preciso saber: o que é se sentir realizado?
— O senhor não sabe?
— Para dizer o que eu sinto, quero saber antes se o que eu sinto é o mesmo que se deve sentir quando se está realizado, ou se julga estar. E para isso é preciso saber o que é estar realizado.
— Poxa, não complica.
— Estou complicando, meu querido? Minha intenção era simplificar, esclarecer. O que é mesmo se sentir realizado?
— Ora! Se sentir realizado é… quer dizer… Não sei explicar muito bem, mas o senhor entende, né?
— Mais ou menos. Quer dizer: menos. E você?
— Se o senhor não entende bem, eu é que vou entender?
— Então, como é que eu posso responder?
— Ué, o senhor é o entrevistado, o que sabe das coisas.
— E quando não sei?
— Não sabe se está realizado?
— Não sei nem o que é realizado.
— Corta essa. Não vai me dizer que não tem dicionário em casa.
— Tenho alguns, mas em vez de me tirarem as dúvidas, me acrescentam outras.”
— Pode.
— O senhor se sente realizado?
— Por que você quer saber disso?
— Nada não. O professor é que mandou lhe perguntar.
— O professor tem interesse em saber se eu me sinto realizado?
— Sei não senhor.
— Então diga ao professor que venha me procurar.
— Pra quê?
— Para eu lhe perguntar se ele se sente realizado.
— O senhor vai perguntar isso a ele?
— Vou.
— O senhor também está estudando? Nessa idade, poxa!
— Que que tem? Toda idade é boa para estudar, a gente não acaba nunca de saber as coisas. Mas não estou estudando não.
— Então por que vai perguntar isso ao professor?
— Porque se ele quer saber se eu me sinto realizado, eu também quero saber a mesma coisa dele. Indiscrição por indiscrição.
— Gozado… Mas se o senhor fizer isso, não bota o meu nome no meio, porque vai dar grilo. Vê lá, hem?
— Fique descansado. Não vou comprometer você.
— E o senhor só vai responder a minha pergunta depois de falar com ele? E se ele não responder? Se demorar? Tenho de entregar esta entrevista até quinta-feira.
— Bem, eu respondo agora mesmo.
— Então, responde, vamos lá.
— Primeiro eu preciso saber: o que é se sentir realizado?
— O senhor não sabe?
— Para dizer o que eu sinto, quero saber antes se o que eu sinto é o mesmo que se deve sentir quando se está realizado, ou se julga estar. E para isso é preciso saber o que é estar realizado.
— Poxa, não complica.
— Estou complicando, meu querido? Minha intenção era simplificar, esclarecer. O que é mesmo se sentir realizado?
— Ora! Se sentir realizado é… quer dizer… Não sei explicar muito bem, mas o senhor entende, né?
— Mais ou menos. Quer dizer: menos. E você?
— Se o senhor não entende bem, eu é que vou entender?
— Então, como é que eu posso responder?
— Ué, o senhor é o entrevistado, o que sabe das coisas.
— E quando não sei?
— Não sabe se está realizado?
— Não sei nem o que é realizado.
— Corta essa. Não vai me dizer que não tem dicionário em casa.
— Tenho alguns, mas em vez de me tirarem as dúvidas, me acrescentam outras.”
drummond sendo drummond... amo muito essas formas simples de causar emoções.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
Excluircara vc tem um resumo do livro preciso muito pra passa de ano ajuda um resumo falando sobre o que livro fala eu li esse trecho mais não entendi nada odeio livros, ou onde posso baixa o livro completo pf ajuda
Excluircara vc tem um resumo do livro preciso muito pra passa de ano ajuda um resumo falando sobre o que livro fala eu li esse trecho mais não entendi nada odeio livros, ou onde posso baixa o livro completo pf ajuda
Excluirodeio livros fdp drummond não passa de um bosta mais fazer o que preciso de pontos pra passa no colégio
ResponderExcluirQuero apenas as palavras vale 5 pontos até amanhã 5:00 horas me ajude por favor
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